A Associação Brasileira de Agentes de Viagem no Rio de Janeiro (ABAV-RJ) realizou a palestra Turismo na Arábia e suas novas fronteiras, com o objetivo de apresentar oportunidades de negócios em turismo, o patrimônio da Arábia Saudita, as perspectivas de investimentos e a política saudita para o desenvolvimento do turismo. O evento teve o apoio do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O palestrante, Eduardo Mielke, é consultor sênior e professor associado da Universidade do Rei Abdulaziz, onde coordena as pesquisas aplicadas ao mercado turístico. Mielke é o único brasileiro a trabalhar na estrutura governamental saudita.

Segundo o palestrante, a Arábia Saudita está implementando uma nova política de incentivo ao turismo, com o plano Vision 2030, que projeta cerca de US$ 1 trilhão em investimento público em infraestrutura turística. Atualmente, o país recebe 18 milhões de desembarques externos por ano, em função da peregrinação de muçulmanos de todo o mundo para as cidades de Meca e Medina (Hajj a Umrah), viagens que fazem parte dos compromissos religiosos, em função do Islã. “Esses peregrinos, por conta do Hajj, por exemplo, não tinham vistos de turistas, e era permitida a permanência apenas durante aquele período. Agora, em uma das frentes, trabalha-se para que eles possam também estender a permanência e visitar todo o país”, disse Mielke.

Após a nomeação do príncipe Mohammed bin Salman como herdeiro do trono saudita, o país começa a demonstrar uma abertura a negócios com estrangeiros, incluindo o turismo receptivo. O poder de consumo elevado do povo saudita, em função da economia aquecida e do sistema monarquista de governo, também favorece as negociações, embora elas devam acontecer de forma gradual. “Algumas mudanças culturais já estão surtindo efeito, mas elas são gradativas. O povo saudita é muito preocupado em manter suas tradições, com uma cultura baseada na família e no Alcorão. No entanto, o príncipe enxerga com muita clareza essa necessidade de modernização como algo benéfico para o país”, afirmou o professor.

A nova proposta de captação de turistas está apoiada em uma aposta no patrimônio natural e cultural, na arquitetura, na tradição e na gastronomia do povo árabe. O ecoturismo e o turismo de mergulho, em áreas pouco exploradas do Golfo Pérsico, também devem ser o foco. O PIB do turismo na Arábia Saudita deve fechar 2018 em US$ 64 bilhões de dólares. A previsão é de que em 2028 esse total deve chegar a US$ 106,5 bilhões.

No entanto, operadoras de turismo brasileiras que desejam fazer negócios no país devem ficar atentas às questões culturais do ambiente de negócios saudita. Atualmente, o turismo de lá funciona com suas próprias operadoras de turismo, uma vez que somente por meio delas um visitante pode entrar no país. “É sempre necessário alguém que faça a ponte. Porém, esse momento de mudanças é uma grande oportunidade, pois as operadoras sauditas não estão acostumadas com o turismo receptivo, então devem ter maior interesse em fechar parcerias”, concluiu Mielke.